domingo, 4 de setembro de 2016

A formação do estudante-trabalhador e do trabalhador-estudante

Figura 1. Tempos modernos na escola – Repensar o currículo de nossos cursos é fator primordial para a formação 
profissional que desejamos. Disponível em https://jarbas.files.wordpress.com/2014/07/escolhas.jpg

A retomada do funcionamento da cantina e a garantia de funcionamento dos diferentes setores escolares em todos os turnos foram apontados, no debate ocorrido do dia 01 de setembro, como propostas concretas para o estudante-trabalhador e trabalhador-estudante. Ainda que sejam fatores importantes – para todos os estudantes da Instituição – acredito que essa questão precisa ser trabalhada com mais profundidade e com olhar atento para nossa organização curricular, para além das questões administrativas.
Enquanto o estudante-trabalhador tem sua fonte de renda garantida por oportunidades não relacionadas ao curso, diluindo trabalho e estudo,  para o trabalhador-estudante o estudo aparece como contingência, ou seja, o sucesso ou progressão no trabalho geralmente depende do curso.
As duas situações pressupõem estratégias de ação da Instituição de ensino que garantam, efetivamente, a inclusão, permanência e, sobretudo, possibilidades concretas de viver o que essa Instituição oferece em termos de experiência de ensino.
Como candidata à Direção Geral do câmpus Salto, destaco nesse texto três propostas para superação desse problema, ainda que outras sejam possíveis e necessárias.

1)   Buscar, junto aos coordenadores de curso e professores, espaços de realização de prática profissional intrínsecos ao currículo

Mas o que isso significa? A prática profissional está relacionada às oportunidades de “experimentar” o universo profissional durante o curso. Assim, estágios, visitas técnicas, projetos de pesquisa e de extensão configuram momentos de prática profissional. Ocorre que estudantes-trabalhadores dificilmente conseguem estagiar, pois isso implica em abrir mão de sua fonte de renda. Igualmente raro é o envolvimento dos trabalhadores-estudantes-trabalhadores com projetos de pesquisa e extensão que ocorrem no contra turno. Nesse contexto, propõe-se o incremento de espaços de prática profissional no interior dos currículos (prática profissional intrínseca ao currículo), o que passa, por exemplo, pelo maior espaço para a realização de projetos como estratégia de ensino,  pela valorização e maior utilização de recursos de educação a distância e pela criação de espaços diferenciados de aprendizagem, inclusive mediante maior aproximação entre IFSP e empresas da região.

2)   Buscar, junto aos coordenadores de curso e professores, possibilidades de flexibilização curricular

Nossos cursos têm oferecido poucas oportunidades de construção de itinerários formativos diferenciados, mesmo nos cursos superiores, nos quais os componentes curriculares eletivos já são uma possibilidade concreta. Propõe-se iniciar, junto aos coordenadores de curso e professores, estudos que busquem identificar e propor estratégias de maior flexibilização dos currículos, e que permitam aos estudantes maior autonomia sobre seu processo formativo.

3)   Definir procedimentos para o reconhecimento de saberes nos cursos técnicos, especialmente no caso do trabalhador-estudante


De acordo com Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Técnica de nível médio, podemos promover o aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores do estudante, desde que relacionados ao perfil profissional do curso. Esses saberes podem ser originários de qualificações anteriores ou mesmo de situação de trabalho. Segundo o texto das Diretrizes, o aproveitamento de saberes “deve ser propiciada pelos sistemas de ensino como uma forma de valorização da experiência extraescolar dos educandos, objetivando a continuidade de estudos segundo itinerários formativos coerentes com os históricos profissionais dos cidadãos”. Apresenta-se como proposta elaborar diretrizes metodológicas para essa avaliação.

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